HONESTIDADE RELATIVA
É deveras muito interessante a honestidade relativa, essa que enche os corações perversos e faz com que ladrões não roubem seus semelhantes, que os comerciantes não explorem seus amigos e que mesmo o traidor seja fiel a alguém.
O Espiritismo deve ser e será a consolação e a esperanças dos corações que buscam a verdadeira justiça, que abrange a honestidade real e traz sempre a boa vontade e os bons sentimentos voltados para Deus e respeitando todas as religiões e até mesmo os que não creem no Criador.
O bondoso e sábio Espírito Emmanuel lembra recomendação do apóstolo Paulo a Timóteo, do amparo espiritual que devemos a todos os que sustentam na fronte a coroa esfogueante da autoridade, comandando, dirigindo, orientando, esclarecendo e instruindo.
Como pastores dementados, não assumem seus deveres próprios e sofrem perseguições aflitivas que criam calamidades morais e moléstias que atrasam a evolução e atormentam a vida.
Pede o generoso Espírito que não nos esqueçamos de orar, com simpatia e compaixão pelos que nos dirigem, para que cumpram seus compromissos zelosamente para que vivamos com o sadio exemplo deles, na caridade com todos, sob a inspiração da honestidade, que é a base de segurança em nosso caminho.
O Espírito Hammed diz que o indivíduo em estado de fixação mental, não vê nada, não ouve, nada sente ou nada percebe além da pessoa, objeto ou fato a que sua mente cristalizada se prendeu, e essa fixação pode durar por séculos, por várias encarnações.
O medo ou a negação do que sentimos pode nos levar a alucinações, e precisamos deixar um espaço para nossos sentimentos e emoções, por sermos seres humanos e não marionetes.
Finaliza o culto Espírito, que a edificação da paz em nosso interior só se estabelece definitivamente quando iniciamos a cultivar a honestidade emocional em todas as nossas relações conosco e com os outros.
Referências bibliográficas:
. O Evangelho por /Emmanuel. Coletânea.
. A imensidão dos Sentidos. Francisco do Espírito Santo Neto/ Hammed.
Crispim
2025
O SONHO DA VEZ
Neste educandário em que estuda, deve se esforçar ao máximo para assimilar as lições dos nobres professores que repassam aulas compatíveis com as suas necessidades de aprendizado, similar o que ocorre nas escolas do mundo. Contudo com o objetivo de educar os seus sentimentos, claro que guardando as proporções, mas o aluno deve estar muito atento porque um dia terá de prestar as provas finais para aferir o aproveitamento.
Mas, vale lembrar que o número dos reprovados é enorme, muitas vezes perdendo oportunidades de avançar no campo moral, mas muitos deles rebeldes e obstinados se deixaram levar pelas sugestões do mal, daí a queda ser inevitável.
Por isso tantos que voltam cabisbaixos e tristes à vida espiritual, porque compreenderam tarde mais o que tinham que realizar, mas não cumpriram com os seus compromissos. Especialmente quando perpassam diante dos seus olhos todos os equívocos que cometeram quando poderiam ter sido tudo diferente, mas estavam tão imersos no mundo material que não tiveram olhos para entender essas coisas.
Infelizmente terão que voltar à pátria espiritual na condição de “reprovados”, além de que deverão retornar para estudar as mesmas lições que por teimosia e negligência não aprenderam. Talvez o ato que mais pese seja repetir as mesmas lições – que era o caminho mais reto para libertaram-se de tantos fatos constrangedores do passado.
A lição de Jesus é muito clara: “ninguém sairá daqui enquanto não pagar o último centavo”. Assim novamente são lançados na corrente das reencarnações sucessivas para se redimirem de seus erros do passado, naturalmente que pesará mais ao aluno repetente.
Quem sabe aquelas facilidades do passado não as encontre mais. Os mestres serão outros e os amigos seguiram em direção a um grande destino, a situação será outra. Como também os mestres não sejam tão complacentes, mas especialmente porque as dificuldades poderão ser bem maiores, porque as faltas do passado serão acrescentadas aquelas da última reencarnação.
Até não avançar constitui uma falta muito grave, especialmente se teve todas as oportunidades para saltar etapas preparadas pela Espiritualidade Superior e tivesse todo o êxito possível, mas por uma culposa indiferença, deixou que o belo plano que muito o beneficiaria se perdesse por sua culpa exclusiva.
Agora recomeçar nova etapa com sua integral responsabilidade para que consiga superá-la, vencendo etapas na senda evolutiva, portanto, empenho e disciplina devem andar juntos, tendo sempre a mão o Evangelho que será sempre a base de todo o fundamento moral. Sem esse Código Divino será muito difícil avançar, por isso, preste muita atenção em tudo que faça, porque pode de repente estar cometendo erros para depois se arrepender.
Assim nesta existência deve carregar-se de todos os valores em ações reiteradas no bem, favorecendo o próximo que será aquele que mais tarde estender-lhe-á a mão no dia de sua pior crise de sofrimento. De qualquer maneira ele estará onipresente em todo o lugar, ficando como testemunha em seu favor, por isso deve dar tanto ênfase em amar ao próximo, porque este é um dos fundamentos mais importante para da Doutrina Libertadora.
Em frente com muito amor e fé. Áulus.
Não Espere Demais
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
O HOMEM RICO
É narrada no Evangelho a história muito significativa de um homem que procurou Jesus, embora fosse riquíssimo vestiu-se de maneira muito simples para não despertar a atenção de ninguém.
Aproximou-se dele e disse: Bom Mestre, o que é preciso que eu faça para adquirir a vida eterna?
- Jesus gostou da desenvoltura do rapaz e respondeu: “Se quereis entrar na vida, guarda os mandamentos”.
O jovem disse-lhe: tenho guardado todos os mandamentos desde a minha juventude. O que me falta ainda? Jesus lhe disse: “Se queres ser perfeito, vai, vende o que tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu, depois, vem e me segue-me”.
Prosseguindo a narrativa, tem-se notícia que o jovem retirou-se triste e amargurado daquele encontro memorável, porque era muito rico e por momento não tinha forças para abdicar das riquezas do mundo.
Alguns autores contam que ele ficou extremamente impressionado. Mas não teve por momento condições de cumprir o que Jesus lhe sugerira. A verdade que aquele encontro tocou profundamente aquele jovem, fazendo uma profunda reflexão em sua vida, depois entrando numa profunda depressão, e passava seus dias naquela tristeza sem encontrar motivação para viver.
Foram chamados os médicos mais famosos daquela região, mas sem resultado. Um dia soube que numa das galeras apontaria no porto daquela cidade. Nela se encontrava um médico da corte de Cesar. Amigos providenciaram para que o médico o visitasse, Lucas era o nome dele encontrando aquele homem na mais profunda depressão. De fato era um caso muito grave, assim e depressa começou a atendê-lo.
Com os tratamentos ministrados pelo médico Lucas, melhorou bastante, um dia bem melhor quis contar ao jovem médico com minúcias, alguns a acontecimentos que precederam aquela situação, inclusive a história singular daquele encontro com o Mestre.
Aliás, Lucas trouxe noticias mais pormenorizada de Jesus que havia pouco fora crucificado entre dois ladrões por conta da sanha de seus adversários. Lembrou que fazia um ano que ocorreu aquele episódio tão triste.
. Lucas ficou sabendo de sua história contou o que se passava no sentido de divulgar a mensagem de Jesus, depois de alguns tempos ele se recuperou e aos poucos fora se depreendendo de bens e valores, porque as palavras de Jesus ficaram profundamente gravadas no seu subconsciente
“Se queres ser perfeito, vai, vende o que tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu, depois, vem e me segue-me”.
Depois daquele dia memorável de seu destino, nunca mais seria o mesmo, porque compreendeu o que interessava na vida, por mais que procurasse se concentrar em seus negócios. Na realidade não conseguia tirar de sua cabeça aquela lembrança grandiosa da presença de Jesus.
Como se fosse gravada no fundo da alma, suas palavras doces e persuasivas ficavam gravadas que revelava o seu magnetismo superior, mostrando o melhor caminho para cada um daqueles que ali estavam em busca de uma direção para os seus passos.
Mas depois desses dias tormentosos e com os conselhos de Lucas compreendeu que nem tudo estava perdido. Ainda tinha muita vida pela frente e podia se colocar em condições de cumprir aquela sugestão maravilhosa de Jesus.
Mas agora tinha certeza que a presença de Jesus em sua vida foi um divisor de águas, em que se contava antes e depois daquele encontro, quando pode obter da própria fonte a informação mais importante para pelo grau de certeza que a presença dele lhe infundia.
Em dado instante começou a fazer uma reflexão, após superar aqueles momentos de depressão e desânimo, a suave lembrança enchia o seu coração de alegria, e foi se desapegando de quase todos os seus bens, parece que se sentia mais livre para viver e compreender os outros. Antes raciocinava somente em termos de lucros, agora a sua visão vagava em outra direção, lembrava-se que vivia atordoado pelas pessoas que o cercavam, pela ambição, mas agora nada disso importava, sentia-se livre e feliz. Áulus.
Luzes da Ribalta
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
O PASSE ESPÍRITA
Entre os fluidos e energias que têm origem no Fluido Cósmico Universal temos o fluido vital, considerado “[...] princípio da vida material e orgânica, seja qual for a sua fonte, e que é comum a todos os seres vivos, desde as plantas até o homem.”142 Este fluido, também denominado no passado de fluido nervoso, é de natureza magnética e pode ser transmitido de um indivíduo para outro na forma de passe, segundo a nomenclatura espírita.
Para Allan Kardec, a energia magnética, ou nervosa, é o “[...] fluido circulante que cada criatura assimila à sua maneira e em graus diferentes. [...]”143
1 CONCEITO ESPÍRITA DE PASSE
O passe, tal como é aplicado na Casa Espírita, não se restringe à simples transmissão de energias magnéticas advindas do fluido vital do doador encarnado. Implica na transfusão de energias mistas, magnético-espirituais, oriundas respectivamente do trabalhador encarnado e do desencarnado que colabora neste tipo de atividade espírita.
O Espírito André Luiz esclarece que esta energia “[...] constitui por si emanação controlada de força mental sob a alavanca da vontade [...].”144 E complementa:
O passe é uma transfusão de energias, alterando o campo celular. [...] Na assistência magnética, os recursos espirituais se entrosam entre a emissão e a recepção, ajudando a criatura necessitada para que ela ajude a si mesma. A mente reanimada reergue as vidas microscópicas que a servem, no templo do corpo [...]. O passe, como reconhecemos, é importante contribuição para quem saiba recebê-lo, com o respeito e a confiança que o valorizam.145
Emmanuel, por sua vez, acrescenta: “[...] o passe é a transmissão de uma força psíquica e espiritual, dispensando qualquer contato físico na sua aplicação.”146
2 TIPOS DE ENERGIAS TRANSMITIDAS NO PASSE
Consta em A gênese que há três tipos de fluidos ou energias magnéticas que podem ser transmitidos pelo passe:
1 - Pelo próprio fluido do magnetizador; é o magnetismo propriamente dito, ou magnetismo humano, cuja ação se acha subordinada à força e, sobretudo, à qualidade do fluido;
2 - Pelo fluido dos Espíritos, atuando diretamente e sem intermediário sobre um encarnado, seja para o curar ou acalmar um sofrimento, seja para provocar o sono sonambúlico espontâneo, seja para exercer sobre o indivíduo uma influência física ou moral qualquer. É o magnetismo espiritual cuja qualidade está na razão direta das qualidades do Espírito.
3 - Pelos fluidos que os Espíritos derramam sobre o magnetizador, ao qual este serve de condutor. É o magnetismo misto, semiespiritual, ou, se o preferirem, humano-espiritual. Combinado com o fluido humano, o fluido espiritual lhe imprime qualidades que lhe faltam. Em tais circunstâncias, o concurso dos Espíritos é, algumas vezes, espontâneo, porém é provocado, com mais frequência, por um apelo do magnetizador..147
A atividade de transmissão de passe, usual na Casa Espírita, apresenta as características do terceiro tipo, ou seja, de magnetismo misto, uma vez que o doador encarnado de fluidos conta com a colaboração de um trabalhador espiritual.
3 MECANISMOS DO PASSE
A transmissão e recepção das energias magnético-espirituais através do passe se faz de perispírito para perispírito, de quem doa e de quem recebe.
Os benefícios do passe tornam-se visíveis quando aquele que doa e aquele que recebe as energias fluídicas se colocam em uma posição mental adequada, secundada pela fé e confiança no Amparo maior.
Em linhas gerais, o processo de transmissão-recepção fluídica pelo passe pode ser assim resumido:
1) “O fluido vital se transmite de um indivíduo a outro. Aquele que o tiver em maior quantidade pode dá-lo a quem o tenha de menos e em certos casos prolongar a vida prestes a extinguir-se.”148
2) Os fluidos espirituais atuam sobre o perispírito e este, por sua vez, reage sobre o organismo material com que se acha em contato molecular. Se os eflúvios são de boa natureza, o corpo ressente uma impressão salutar; se forem maus, a impressão será penosa.”149
3) As energias magnético-espirituais do passe são processadas no perispírito do receptor, e, através dos centros de força ou centros vitais perispirituais — expressões utilizadas pelo Espírito André Luiz e, equivocadamente denominadas “chacras” —, alcançam os plexos nervosos do corpo físico, distribuindo-se, então, nas províncias orgânicas. André Luiz considera que no perispírito há sete centros vitais que se conectam com os quatro plexos nervosos situados no corpo físico:
[...] o nosso corpo de matéria rarefeita está intimamente regido por sete centros de força, que se conjugam nas ramificações dos plexos e que, vibrando em sintonia uns com os outros, ao influxo do poder diretriz da mente, estabelecem, para nosso uso, um veículo de células elétricas, que podemos definir como sendo um campo eletromagnético, no qual o pensamento vibra em circuito fechado.150
Referência
142 KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Introdução II, p. 15, 2013.
143 Id. Revista Espírita: Jornal de Estudos Psicológicos. Ano XII, jul. 1869, p. 288.
144 XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, Waldo. Evolução em dois mundos. Segunda Parte, cap. 15, p. 209, 2013.
145 XAVIER, Francisco Cândido. Nos domínios da mediunidade. Cap.17, p. 199-200, 2011.
146 XAVIER, Francisco Cândido. O consolador. Q. 99, p. 71, 2013.
147 KARDEC, Allan. A gênese. Cap. XIV, it. 33, p. 251-252, 2013.
148 KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Q. 70-comentário, p. 78, 2013.
149 Id. Ibid. A gênese. Cap. XIV, it. 18, p. 244, 2013.
150 XAVIER, Francisco Cândido. Entre a Terra e o Céu. Cap. 20, p. 134, 2013.
Livro Mediunidade Estudo e Prática
FEB
PSICOGRAFIA
O GRANDE AMIGO TEMPO.....
O Tempo o amigo que tudo cura também ajudou a curar-me.
Vem à memória um dia infeliz, jovem, vestido pela revolta, pelo egoísmo e orgulho desafiou o próprio pai. Juiz, homem reto, rígido, disciplinador me apresentou aquela sentença. “O agressivo às vezes necessita de ambiente semelhante para filtrar a agressividade asfixiante.”
Assim disse meu pai. Na verdade havia entre nós uma antipatia muito forte e tudo fazia para desafiá-lo, até que naquela manhã a sentença terrível, abrindo aquela porta forte apontou a saída, era o meu exílio.
Com olhar de superioridade e desafio lhe disse com ironia: é então a sentença meritíssimo?
No mesmo diapasão veio à resposta, olhar firme, duro, voz baixa e poderosa afirmou: você escolheu a sentença.
Uma força filha do ódio tomou conta de mim e arrastado soleira abaixo rolei pelas vielas da cidade; o orgulho minha capa o egoísmo meu cajado e assim algo forte gritava dentro de mim:
Foge, foge, mas, para bem longe!
Como se quisesse castigar aquela autoridade da lei tornando-me um fora da lei. Para feri-lo?
Aprendi na dor e como ele dizia, “ambiente agressivo também serve de correção.” A lei foi aplicada. Envelheci nas ruas de diferentes cidades, acho que enlouqueci. Aquelas vozes sempre ordenando: foge, foge para muito longe.
Mas Deus, Pai amoroso sempre abrindo caminhos e neles colocando amigos para tentar me retirar daquele sofrimento voluntário filho da revolta e da ingratidão.
Pena cruel, sentença que muito me machucou, vítima da própria ignorância e maldade. Joguei tudo para o alto porque norma rígida naquele lar não conseguia seguir, ou melhor, não queria cumprir.
Esta revolta que me imanta e hipnotiza o ser, muita luz foi lançada sobre mim, mas, queria a sombra. Muitas mãos generosas estendidas, mas, preferia as mãos duras da ingratidão e da crueldade.
Hoje, mais amadurecido pela assistência de amigos sinceros e amorosos, filhos da Lei de Amor,
A consciência este juiz interno me admoesta: ”Ser bom eis o teu dever. Volta para a casa paterna, peça perdão e seja obediente, único caminho para a definitiva reabilitação.”
Como voltar? Lógico que voltarei e ajudado serei. Mas perdoar? Perdoar sim este coração rebelde, ingrato que vilipendiou tudo o que Deus dera com infinito amor.
A doença amoleceu meu cérebro e coração, mas, exercícios têm feito, aprendendo a me perdoar, exercitando as boas maneiras para aprender respeitar e ser fiel.
Mesmo não amando de vez, eis o meu dever, tratar bem, ser gentil e educado via certa para acertar no caminho da caridade.
Sofrimento voluntário filho da insensatez, perdi tempo e afetos, preferindo a solidão.
Orem irmãos amigos pelos irmãos do caminho que perambulam sem norte pelos becos tristes e infectados, loucos, dementados descumprindo a Lei.
CESFA
Campo Grande/MS
Campo Grande/MS.
Espiritismo para Crianças
Marcela Prada
Tema: Simplicidade
A CASA DE MAZALU
Era uma vez um sapo que se chamava Mazalu. O sapo Mazalu vivia muito quieto debaixo de uma pedra junto ao rio. Certa manhã, o sapo Mazalu saiu a passeio e encontrou o seu amigo tatu. O tatu chamava-se Pavio.
– Como vai, amigo Mazalu? Como tem passado?
O sapo respondeu:
– Vou bem, obrigado, amigo Pavio.
Disse então o tatu:
– Qualquer dia eu apareço lá por sua casa. Vou fazer-lhe uma visita.
O sapo tremeu. E sabem por quê? Ele não tinha casa. Morava embaixo de uma pedra num lugar frio e cheio de lama. Como receber a visita de um amigo tão elegante como o Pavio?
Depois de pensar um pouco, o sapo respondeu delicado:
– Apareça, amigo tatu, apareça. Vá um dia jantar comigo.
– Está bem, amigo sapo. Brevemente irei passar a tarde em sua casa.
Nesse mesmo dia, o sapo tratou de arranjar uma casa onde pudesse receber a visita do tatu.
Ele ouvira dizer que uma ave chamada joão-de-barro fazia casas. E casas bonitas! Mais bonitas que as casas feitas pelos engenheiros. Dali mesmo ele foi procurar o joão-de-barro.
– Você pode fazer uma casa para mim, João-de-Barro?
O João-de-Barro respondeu:
– Não há nada mais fácil. Farei para você uma casa muito bonita com portas e varanda. Custa só cem reais.
– Está bem, respondeu o sapo.
E pagou os cem reais para o João-de-Barro. No dia seguinte o sapo foi ver a casa construída pelo João-de-Barro.
Era muito bonita, bem feita e tinha porta e varanda, mas ficava muito alta, no galho de uma árvore e o sapo não podia chegar até lá. Mazalu foi obrigado a desistir da casa feita pelo João-de-Barro.
"Só a formiga saúva será capaz de fazer uma casa que sirva", pensou o sapo. "Vou falar com a formiga saúva". Mas a formiga morava em formigueiros horríveis onde não entra água.
E a casa feita pela formiga saúva não serviu ao sapo. Era pequena, muito seca e abafada.
O sapo gostava de lugares úmidos e frios. O sapo lembrou-se da velha coruja, que passa o dia recolhida e só sai à noite para passear. A coruja sim é que sabe fazer casas magníficas. E o sapo resolveu comprar uma casa da coruja.
Mas a casa da coruja não ia servir para ele; era um buraco feito no tronco de uma velha mangueira e o sapo, por mais que pulasse, não conseguiria alcançar a porta de sua nova moradia.
Pobre Mazalu! Mal sabia ele que casa de coruja não serve para sapo.
Muito triste, o sapo procurou o macaco, que vivia a saltar pelas árvores.
– Macaco, você pode fazer uma casa para mim?
– Ora se posso! – respondeu o macaco.
E sabe o que fez o macaco?
Arranjou um caixote sem tampo e desse caixote fez uma casa para o sapo.
– Agora sim – disse o sapo – posso receber a visita do meu amigo tatu.
Mas no dia da visita o tatu ficou muito triste. Não podia entrar na casa do sapo. O caixote era muito pequeno; ele não cabia lá dentro.
– Amigo sapo – disse o tatu – a casa é para mim pequena e desagradável. Pensei que você morasse debaixo de um a pedra junto ao rio. Era lá que eu queria jantar com você.
Ao ouvir isso, o sapo ficou muito espantado. Tivera tanto trabalho e despesa para arranjar aquela casa e, no entanto, o tatu queria encontrá-lo como ele vivia, modesto e tranquilo debaixo de uma pedra junto ao rio.
O sapo voltou para o seu lugar e lá recebeu muitas visitas.
Cada vez que o tatu ia visitá-lo, levava um belo presente para o amigo.
Texto de Malba Tahan, do site Passatempo Espírita.
Material de apoio para evangelizadores:
Atividades: marcelapradacontato@gmail.com
O Consolador
Revista Divulgação Espírita
2025
MÃE E BEBÊ NO SEMÁFORO
por Cláudio Bueno da Silva
O semáforo ficou vermelho, diminuí a velocidade até parar o carro. Uma longa fila foi se formando atrás. Esse cruzamento é bem movimentado e nele os motoristas, além dos freios, têm que acionar também a paciência. São longos três minutos, que parecem nada quando se está sentado à beira de uma piscina, mas que no trânsito, sob um calor de quase quarenta graus, são uma eternidade.
Parei e vi a moça se aproximar da minha janela. Com um bebê junto ao peito, preso por cintas próprias, trazia numa das mãos um guarda-sol e na outra uma caixa de confeitos. Baixei o vidro. Com um sorriso triste me ofereceu o produto barato: “Compra pra me ajudar”, disse. Busquei algumas moedas que sempre trago no console e ela me entregou um saquinho com amendoins caramelizados, creio. Agradeceu com um movimento de lábios e seguiu para os outros carros.
Fiquei observando aquela figura circulando entre os veículos, um tanto curvada pelo peso da criança que dormia pesadamente, vencida pelo calor. O farol abriu e eu parti.
Dias depois a circunstância se repetiu. Assim que fui abordado pela moça, perguntei: “Que idade tem sua filha?”. “Dois”, ela respondeu. Confesso que pretendi com a pergunta fazê-la pensar na exposição que impunha à criança. Comprei os amendoins, ela saiu e eu fiquei a refletir sobre o seu drama. Drama sim, é como eu vejo a situação daquela jovem mãe.
Lendo o meu relato, muitos argumentarão uma porção de coisas, por que não isso? Por que não aquilo? Mas o problema está lá, naquele cruzamento movimentado da cidade grande. Uma jovem mãe com a filha no colo, trabalhando com os recursos possíveis, na esperança, quem sabe, de que ali mesmo possa encontrar alguém que lhe compre toda a mercadoria ou melhor ainda, lhe ofereça uma oportunidade que as liberte do sol forte, dos perigos do trânsito, e do aviltamento da dignidade humana.
***
A caridade instintiva é meritória porque é espontânea, muitas vezes vem de um impulso natural, intuitivo, o que faz muitos entenderem que esse é o verdadeiro ato generoso. Realmente há situações em que ela é urgente. Acredito, porém, que a caridade ganha em valor quando é refletida, quando sentimento e inteligência se misturam para produzir um efeito benéfico. Repare que eu disse refletida e não calculada. O cálculo pode revelar interesse, que na maioria das vezes é egoísta. Como aquele que doa para dispensar logo uma pessoa, ou para se livrar de uma situação incômoda. Já a reflexão para o ato generoso pode estabelecer empatia e ampliar a compreensão humana, gerando ações libertadoras.
No relato acima há o exemplo das duas maneiras de agir: uma provisória, a outra decisiva.
O Consolador
Revista Divulgação Espírita
2025
OS TRÊS FRANCISCOS
Geraldo Campetti Sobrinho
Francisco de Assis, Chico Xavier e Papa Francisco: Três trajetórias que, em diferentes tempos, revelam a mesma essência de humildade, compaixão e serviço à Humanidade.
“Pregue o Evangelho em todo tempo. Se necessário, use palavras.” (Francisco de Assis)
“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.”(Chico Xavier)
“Sonhemos juntos, como uma única Humanidade, como caminhantes da mesma carne humana, como filhos desta mesma terra que nos abriga a todos.”(Papa Francisco)
Ao longo da História, o nome Francisco tornou-se sinônimo de entrega, simplicidade e amor ao próximo. Em três momentos diferentes da Humanidade, três homens — Francisco de Assis, Francisco Cândido Xavier e o recém-falecido Papa Francisco († 21 de abril de 2025) — assumiram esse nome como missão de vida. Mais do que figuras religiosas, tornaram-se faróis espirituais, cujos legados transcendem crenças e fronteiras.
Cada um, à sua maneira, foi voz do Cristo na Terra, agindo com humildade, promovendo a paz e abraçando os excluídos. Eles não buscaram aplausos nem poder, mas sim servir — e, nesse serviço abnegado, tornaram-se imortais na memória dos povos.
Francisco de Assis (1181 ou 1182 – 3 de outubro de 1226): O Irmão de Todos
Francisco de Assis nasceu na cidade italiana de Assis, em uma família rica de mercadores. Desde jovem, demonstrava sensibilidade e generosidade, mas foi após uma profunda experiência espiritual que abdicou de toda sua fortuna para viver em pobreza voluntária, imitando a vida de Jesus.
Fundador da Ordem dos Franciscanos, Francisco foi um exemplo vivo de humildade e amor à Natureza. Vivia entre os pobres, cuidava dos doentes e pregava a paz entre os homens e as criaturas. Chamava o sol de “irmão” e a lua de “irmã”, revelando uma percepção espiritual profundamente integrada com o Universo.
Seu legado permanece vivo na espiritualidade cristã, sendo um dos santos mais amados e venerados do mundo. Sua vida inspirou orações, movimentos sociais e uma ecologia espiritual que valoriza a Criação em todas as suas expressões.
Francisco Cândido Xavier (2 de abril de 1910 – 30 de junho de 2002): O Apóstolo da Caridade Silenciosa
Séculos depois, no interior de Minas Gerais, nascia Francisco Cândido Xavier, médium e trabalhador incansável da seara espírita. Desde jovem manifestou faculdades mediúnicas, que dedicaria integralmente ao bem do próximo. Psicografou mais de 400 obras, oriundas de diversos autores espirituais — entre eles, o Espírito Emmanuel, que o acompanhou por décadas como mentor e orientador.
Chico Xavier, como ficou carinhosamente conhecido, nunca auferiu qualquer lucro com sua obra. Doou os direitos autorais de todos os livros e viveu modestamente, em função do trabalho assistencial e da difusão dos ensinamentos espíritas. Sua mediunidade foi pautada pela ética, pela discrição e pela fidelidade aos princípios do Evangelho de Jesus.
Seu legado ultrapassa o campo religioso: tornou-se símbolo de amor, perdão, tolerância e paciência. Por meio de suas cartas consoladoras, livros doutrinários e exemplos de renúncia pessoal, Chico transformou dores em esperança e dúvida em fé, tocando milhões de vidas.
Papa Francisco (17 de dezembro de 1936 – 21 de abril de 2025): O Pastor Global da Simplicidade
O pontificado de Jorge Mario Bergoglio ficará marcado como um dos mais significativos da Igreja Católica em tempos contemporâneos. Seu falecimento, ocorrido na segunda-feira, 21 de abril de 2025, gerou comoção mundial, não apenas entre os católicos, mas também entre líderes religiosos, humanitários e políticos de todo o planeta.
Primeiro Papa latino-americano e jesuíta, escolheu o nome Francisco inspirado no poverello de Assis, e assim viveu: com compaixão, simplicidade e coragem moral. Foi uma liderança que soube unir firmeza e ternura, tradição e renovação, fé e diálogo com o mundo moderno. Seu pontificado foi marcado pela defesa dos migrantes, o combate à desigualdade, o cuidado com o planeta e o apelo por uma Igreja mais próxima dos pobres.
Sua morte representa o encerramento de um ciclo histórico, mas seu testemunho continua pulsando nas encíclicas que escreveu, nos gestos que realizou e nas consciências que despertou.
Afinidades Espirituais: Três Vidas, Uma Missão
Embora em contextos distintos, os três Franciscos partilham notáveis semelhanças que apontam para um mesmo ideal:
Humildade profunda: todos viveram com desprendimento dos bens materiais e das glórias humanas.
Amor incondicional ao próximo: suas vidas foram dedicadas ao serviço, à escuta e ao acolhimento dos mais frágeis.
Compromisso com a paz e a justiça: denunciaram injustiças, promoveram reconciliação e defenderam os que não tinham voz.
Espiritualidade prática e acessível: viveram a fé com autenticidade, sem rigidez ou dogmatismo, tornando-a acessível ao cotidiano.
Respeito e cuidado com a Natureza: viram na Criação a presença divina e propuseram uma espiritualidade ecológica e integradora.
A Visão Espírita sobre os Três Franciscos
Do ponto de vista espírita, esses três homens podem ser considerados espíritos missionários, cuja encarnação tem propósitos coletivos e educativos. Francisco de Assis, com sua doçura e entrega, abriu caminhos para uma espiritualidade universalista e profundamente ecológica. Chico Xavier, com sua fidelidade ao Cristo e renúncia pessoal, consolidou a revelação espírita como uma bússola de consolo e responsabilidade moral. Papa Francisco, por sua vez, desafiou estruturas e despertou consciências para um Cristianismo mais ético, empático e coerente com os valores do Evangelho.
Todos eles, com distintas roupagens e vocações, manifestam o mesmo Espírito do Cristo, que sopra onde quer, convidando os homens e mulheres de boa vontade à transformação do mundo — começando pela transformação de si mesmos.
Conclusão: Três Estrelas no Céu da Humanidade
Francisco de Assis, Chico Xavier e Papa Francisco são expressões vivas — e agora eternas — de uma espiritualidade que transcende rótulos. Representam o Evangelho vivido, cada qual com sua linguagem, sua cultura e sua missão. São pontes entre a Terra e o Alto, entre o sofrimento humano e a consolação divina, entre a fé e a ação transformadora.
O falecimento do Papa Francisco encerra uma página luminosa da história contemporânea, mas também reafirma que os grandes espíritos não se vão: eles se multiplicam em exemplos, em ideias, em sementes lançadas no solo dos corações que os ouviram.
Que seus legados sigam inspirando novas gerações a caminhar com mais empatia, consciência e coragem. E que, ao recordar os três Franciscos, possamos entender que a verdadeira grandeza está no serviço silencioso, no amor incondicional e na humildade que edifica.
Editorial FEB
2025
INFIDELIDADE E PERDÃO
De Eurípedes Kühl
Espírito: Josué
Editora Virtual O Consolador
O e-book INFIDELIDADE E PERDÃO descreve o sofrimento causado pelo ato da infidelidade, evidenciando que toda ação gera uma reação com o mesmo grau de sentimento, ou seja, o bem gera o bem e seu contrário também gera energia correspondente.
O enredo do romance apresenta com detalhes todas as ilusões que as paixões podem criar; nele nada se esconde e tudo é registrado. E mostra, como agravante dos equívocos, que Espíritos situados na mesma faixa vibratória se aproximam dos encarnados em desajuste, complicando mais ainda a situação. E isso continua ciclicamente até o momento em que, seja por profundo sofrimento, seja pela luz misericordiosa que chega, a pessoa equivocada desperta e reconquista o caminho do bem por meio da compreensão do desacerto que estava cultivando.
O Consolador
Revista Divulgação Espírita
2025
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