MEDIUNIDADE EM CRIANÇAS
Ao nascer a criança traz consigo, além dos traços paternos e parentescos de outros membros, também as aptidões, tendências e deficiências e as particularidades à sua personalidade que deverá evoluir a cada passagem no novo corpo recebido.
A criança não é um adulto pequeno e sim um espírito imortal que tem em si a experiência de inúmeras vidas vividas ao longo do tempo e bem guardadas em sua memória, que por bondade de Deus ficam esquecidas para não atrapalhar sua evolução. Se a criança tivesse a lembrança das maldades que porventura houvesse praticado, não teria proveito algum dessas lembranças.
O criador poderia nos ter criados anjos, mas preferiu criar-nos simples, iguais e ignorantes, deixando a nossa evolução por nossos próprios esforços. Allan Kardec em O Livro dos Espíritos comentou: “Sendo perfectível e trazendo o germe de seu aperfeiçoamento, o homem não foi destinado a viver perpetuamente no estado de natureza, como não o foi a viver eternamente na infância”.
No mesmo livro citado acima, os instrutores da humanidade responderam a Kardec que a encarnação dos Espíritos tem por objetivo fazê-los chegar à perfeição e por isso têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal. É durante o período da infância que o espírito pode receber no seu íntimo novos valores, novos hábitos, condutas e vivências que o preparam para sua vida terrena.
Vivemos num planeta de provas e expiações e perguntamos por que as crianças sofrem, se são tão inocentes e indefesas e vivem às vezes com doenças incuráveis, com abandono de pais e mesmo por mal tratos e torturas por parte dos que deveriam amá-las e educá-las? Exatamente por ser um espírito que já viveu tantas vidas, a criança sofre por trazer na nova existência o reflexo do seu passado delituoso.
Kardec diz para rendermos graças ao criador, que por sua bondade, não nos condena definitivamente pela primeira falta. Como espíritos imortais, somos agraciados por Ele com inteligência, memória, consciência, força de vontade e inclusive com mediunidade, que pode se apresentar ainda na infância.
O processo reencarnatório dura aproximadamente sete anos e nessa época o espírito de seu protetor vai deixando aos poucos que a criança use seu livre-arbítrio e passa a acompanhá-la mais à distância. Allan Kardec afirma que não há idade precisa para que a mediunidade aflore, dependendo do seu desenvolvimento físico e moral.
Preciso é que os pais ou os educadores saibam que a mediunidade é faculdade natural dos seres humanos, tendo calma, compreensão diante dos fatos, evitando assustar as crianças portadoras. A experiência nos ensina que o exercício da mediunidade não deve se dar antes dos quinze e dezesseis anos, salvo em casos excepcionais, onde podemos citar os casos de Chico Xavier, Elizabeth d’Esperance, Divaldo Franco e Yvonne do Amaral Pereira.
Referência
- O Livro dos Médiuns, Allan Kardec;
- O livro dos Espíritos. Allan Kardec;
- Mediunidade e Obsessão em Crianças. Suely Caldas Schubert.
Crispim.
2025
ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO
O êxito em qualquer tarefa depende do esforço do interessado, porque existem recursos em potencial à espera do homem de boa vontade que deseja desenvolver os seus talentos em todos os sentidos.
É verdade que em toda a parte há possibilidade a desafiar a capacidade de trabalho daquele que deseja caminhar, porém dependerá dos esforços que faça para atingir os seus objetivos. .
Se há tanta terra fértil, porque tanta gente morre de fome? Pois a maneira de ganhar o pão está à disposição de cada um, mas muitos não se dispõem a trabalhar e deixa a gleba ao abandono e com isso nada produzem. Embora guarde todas as possibilidades de ser um celeiro de bênçãos, assim que cada um vai abrindo o seu próprio caminho e forjando o seu caráter no bem ou no mal.
Lembre-se que o Senhor abriu a sua eterna oficina de trabalho para que cada um possa cumprir o seu papel no mundo. Mas se há preguiçosos e indolentes, nada se pode fazer. Somente as necessidades sobrevindo é que os fará despertar para a realidade.
As duas escolas que existem no mundo para orientar os filhos amados do Pai, chamam-se: amor e dor – escola do amor será sempre a mais fácil e a escola da dor será mais difícil, não obstante elas são caminhos, ambas muito importantes para evolução do homem no mundo.
A primeira àquele que deseja caminhar e tudo faz nesse sentido e a outra ao aluno rebelde e obstinado que não deseja seguir nenhum programa de vida ou assumir qualquer responsabilidade. Logo a escola da dor surge por alternativa única para despertá-lo de seu comodismo. Um programa para fazê-lo diligente, senão puder torná-lo bom.
Ambas são caminhos para todos os filhos acordados de Deus, que aqui estão com todas as possibilidades que a reencarnação oferece e, de uma forma ou de outra – colocam-no na trilha da evolução, onde poderá construir o seu futuro passo a passo. Vale lembrar que o progresso é uma lei soberana que concitam todos a caminhar.
No futuro não haverá mais necessidade dessa escola no mundo: - a escola bendita da dor-, porque todos terão guardado no peito os bons sentimentos e que ninguém alimentará o desejo de prejudicar ao próximo. Todavia há de se crer que por longo tempo perdurará essa escola de aperfeiçoamento moral para todos os espíritos como forma de se ajustarem ao programa do Cristo. Áulus.
Não Espere Demais
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
ESTUDANDO ENTENDERÁ
A tarefa que o espera hoje é importantíssima, seja prudente e prestativo, procure auxiliar com o máximo de empenho e decisão. Muitos chamados e poucos os escolhidos é uma lição plena.
Mas se está entre os escolhidos não se deixe perturbar pelas possibilidades que tem, mas apliquem os recursos em favor do próximo, que em última análise será sempre o seu grande benfeitor.
Não menospreze uma ocasião sequer de ser útil, mas construa ao seu futuro passo a passo com o bem que espelha no caminho alheio.
É claro que está num mundo de provas e expiações, por isso em muitos momentos sentirá as dificuldades, diante de alguém que o fere sem uma motivação justa. De outro que lhe subtraiu valores considerados importantes na economia doméstica, ou naquele outro que ajudou em muitas ocasiões e pagou-lhe com ingratidão.
A verdade que vive ainda num mundo em que as más paixões predominam. Por esse motivo é necessário manter esse espírito de trabalho e aceitação, renúncia e entendimento, a fim de que possa olhar o horizonte com mais sabedoria e continuar a sua trajetória evolutiva com êxito.
Lembre-se que já passou por problemas mais aflitivos e hoje já é capaz de compreender muitas coisas e não repetir os mesmos erros que praticara outrora.
Assim não contabilize impeço e limitações, mas continue cumprindo com o seu dever de auxiliar, porque somente quem prática o bem, por certo entenderá que é o caminho certo de ser feliz, porque invariavelmente a felicidade que espera passa pelo caminho do próximo, justamente aquele que tiver a felicidade de auxiliar. Por isso pense no bem que pode realizar.
Continue com entusiasmo a empreitada que escolheu, porque a cada dia um passo a frente e com isso abrirá os olhos para as realidades essenciais da vida.
Está numa fase em que já passou tantas ilusões e hoje com discernimento e sabedoria pode fazer as melhores escolhas, onde o amor e a caridade podem fazer a diferença.
Por isso o conhecimento permitirá que coloque os pés no chão, porque sem amor ao próximo será muito difícil caminhar. Mas como for, continue. As dificuldades são testes para que possa aumentar a sua capacidade de superar as suas limitações.
Claro deve lembrar que debaixo do Sol inclemente é difícil caminhar. Mas às vezes é justamente o detalhe que mais atende aos seus interesses, porque aprende a trabalhar sob provação difícil de suportar, e compreenderá nesses momentos e agirá com sabedoria e circunspeção, a fim de possa colher o fruto do trabalho.
Assim que siga adiante e não desperdice tarefa nenhuma que esteja ao seu alcance, com bom senso e lógica sempre são guias seguros para indicar o caminho.
Amor e discernimento são também necessários à consecução dos seus objetivos.
Fiquem em paz e aproveite os momentos que passam para fazer o melhor. Áulus.
Luzes da Ribalta
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
TRANSMISSÃO OCULTA DO PENSAMENTO
A telepatia ou transmissão de pensamento é a comunicação instantânea entre duas pessoas, possibilitando-as compreender-se apenas pela linguagem da mente, mesmo que ambas estejam acordadas (em estado de vigília). Trata-se de uma percepção oculta, pois acontece em nível mental: “Há entre os Espíritos que se encontram uma comunicação de pensamentos que faz com que duas pessoas se vejam e se compreendam sem necessidade dos sinais exteriores da linguagem. [...]”173
É por intermédio da telepatia que muitas ideias são difundidas, comentam os instrutores espirituais: “[...] Quando dizeis que uma ideia está no ar, fazeis uso de uma figura de linguagem mais exata do que supondes. Cada um contribui, sem o suspeitar, para propagá-la.”174 Isto ocorre porque as ideias são captadas por outras mentes que se mantêm em sintonia, visto que o “Espírito não se acha encerrado no corpo como numa caixa; irradia por todos os lados. Por isso pode comunicar-se com outros Espíritos, mesmo em estado de vigília, embora o faça mais dificilmente.”175 Em estado de vigília a comunicação mental é menos frequente.
LETARGIA, CATALEPSIA, MORTES APARENTES
Os casos de letargia e de catalepsia revelam que o “Espírito tem consciência de si, mas não pode comunicar-se.”176 São situações de emancipação da alma consideradas pela Medicina como estados patológicos. As causas são variadas, desde lesões cerebrais, ação de certas substâncias químicas ou grave perturbação psicológica. Para o Espiritismo é um estado anômalo que pode ser induzido por Espíritos obsessores ou por intenso afastamento/ desligamento do perispírito do corpo físico, situação que, se persistir, pode levar à desencarnação.
Na letargia a pessoa encontra-se em uma “condição de torpor ou de lentidão funcional.”177 Há imobilidade generalizada e o sono letárgico que pode conduzir à morte, outras vezes não há sono, propriamente dito, ainda que não ocorra qualquer resposta muscular. Nestas condições, “o indivíduo sabe o que está se passando, pode sofrer seus efeitos, mas é incapaz de exercer suficiente força de vontade para a promoção de uma defesa muscular.”178 Perseguidores implacáveis podem induzir o encarnado ao estado letárgico. Na catalepsia “[...] ocorre diminuição generalizada da resposta (reatividade), que se caracteriza comumente por um estado similar ao transe. Médicos e enfermeiras devem ter em mente que, mesmo com o paciente em transe, as conversas podem ser ouvidas [...]”,179 ensinam os postulados médicos. O mais comum na catalepsia é que apenas uma parte do corpo se mantenha imóvel.
A letargia e a catalepsia têm o mesmo princípio, que é a perda momentânea da sensibilidade e do movimento, por uma causa fisiológica ainda não explicada.
Diferem uma da outra pelo fato de que, na letargia, a suspensão das forças vitais é geral e dá ao corpo todas as aparências da morte; na catalepsia, ela é localizada e pode afetar uma parte mais ou menos extensa do corpo, de modo a deixar a inteligência livre para se manifestar, o que não permite confundi-la com a morte. A letargia é sempre natural [tem origem em causa fisiológica ou intoxicação química]. A catalepsia, em certas ocasiões, é espontânea, mas pode ser provocada e desfeita artificialmente pela ação magnética [passe].180
Considerando-se que em ambas as condições há paralisia, total ou parcial, a pessoa apresenta um quadro que, popularmente, foi alcunhado de “morte aparente”.
Referência
173 Id. Ibid. Q. 421-comentário, p. 215.
174 Id. Ibid. Q. 419-comentário, p. 214.
175 Id. Ibid. Q. 420, p. 215.
176 Id. Ibid. Q. 422, p. 215, 2013.
177 CLAYTON, Thomas. Dicionário médico enciclopédico Taber, p. 1019.
178 Id. Ibid., p. 1019.
179 Id. Ibid., p. 285.
180 KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Q. 424-comentário, p. 216, 2013.
Livro Mediunidade Estudo e Prática
FEB
PSICOGRAFIA
DIANTE DO PROXIMO
Cada criatura é um mundo e devemos respeitar as suas convicções..
Em qualquer situação delicada é necessário cautela, prudência, sabedoria.
No nosso mundo intimo cultivemos a fraternidade e disposição para auxiliar sem nada esperar.
Cultivar a bondade para que a paz e a harmonia nos possibilitem conviver com respeito e brandura.
Usemos a palavra para pacificar, esclarecer e agradecer com lealdade, sinceridade.
É necessário cultivar a serenidade para quando nos encontrarmos em situação vexatória apenas compreender.
Cada criatura reage movida pela ignorância ausência do saber das leis harmônicas que nos regem os passos e nos comandam.
Quando todos nós nos harmonizarmos com elas seremos mais fraternos e totalmente isentos de interesses menos dignos.
Não esperemos tratamento civilizado sejamos sim civilizados, cristãos.
Cobremos de nós a vivência do Evangelho e a tolerância será o nosso galardão.
Elevem a capacidade para compreender e com isto a serenidade os manterá firmes diante de qualquer ataque.
A sombra não teme, ela é ousada; sejamos firmes com o Cristo e a nossa paz será preservada.
Viver com verdadeira disciplina abrindo a mente e o coração para que o amor faça moradia.
Somente ele é o antídoto para reverter qualquer situação menos feliz.
Paciência, calma e elevada compreensão.
Ouvir e calar.
CESFA
Campo Grande/MS.
Espiritismo para Crianças
Marcela Prada
Tema: Amizade e auxílio
UM POR TODOS E TODOS POR UM
Max, o ratinho, morava numa floresta. Ele ainda era bem jovem e tinha muito o que aprender.
Às vezes ele tentava fazer alguma coisa nova e não conseguia. Às vezes ele até tropeçava e caía.
Mas ele nunca desanimava e isso era muito bom. Max era corajoso e, mesmo sem conhecer muitas coisas da vida, ele não desistia de enfrentar desafios e aprender com eles.
Um dia, andando por um caminho, ele encontrou uma toupeirinha que quase esbarrou nele.
- Desculpe-me! Eu não tinha visto você! Eu não enxergo muito bem. As toupeiras são assim. Mas tudo bem, pois, apesar disso, eu tenho um excelente olfato. Com o vento ao contrário, não percebi seu cheiro. Às vezes isso acontece! Espero não tê-lo assustado.
- Não se preocupe, está tudo bem! - respondeu Max. - Gostei de encontrar você. Eu nunca tinha visto uma toupeira.
A toupeirinha se chamava Moli. Ela e Max ficaram amigos e passaram a andar juntos.
Moli não enxergava bem, mas era mais experiente do que Max e, como conhecia bem a floresta, ensinava muitas coisas para ele. Max, que já era corajoso, ao lado de Moli sentia-se mais confiante ainda.
Certa vez, chegando a um lago para beberem água, Moli perguntou:
- Tem alguma coisa pulando ali na frente, o que é, Max?
Max descreveu o que ele via e Moli concluiu:
- Ah, é um sapo!
Max se aproximou para ver de perto os belos saltos que o sapinho dava.
- Parabéns! Você salta muito bem! Você me ensinaria a saltar assim? – perguntou ele.
O sapinho não respondeu nada, apenas olhou para Max e sorriu.
- Os sapos não escutam nem falam bem. Mas em compensação saltam e sorriem como ninguém – explicou a toupeira.
Max, então, pegou na mão do sapinho, cumprimentando-o, com entusiasmo. O sapo, que se chamava Tato, sorriu de novo e logo ficou amigo deles também. Os três seguiram, andando juntos.
Um dia, enquanto passeavam, a toupeirinha começou a ficar preocupada e disse:
- Estou sentindo cheiro de chuva. E chuva grossa! Eu tenho medo de raios e trovões. E não gosto de me molhar. Vamos procurar um abrigo?
Chuvas não incomodavam tanto Max e muito menos Tato, que até gostava delas. Mas, percebendo a necessidade da amiga, os dois trataram de ajudar.
Havia, próximo deles, um arbusto de folhas bem largas e grossas. Tato deu um salto muito alto e se agarrou a uma delas. Enquanto ele mantinha a folha próxima ao chão, Max foi até lá e roeu o cabo da folha, soltando-a do arbusto.
Depois, os dois puxaram a enorme folha e cobriram o buraco que Moli já havia cavado na terra, tentando se abrigar.
A chuva não demorou a chegar e os três amigos ficaram ali, embaixo da folha, protegidos do vento e das gotas pesadas que caíam.
Moli estava aliviada. Mesmo a chuva sendo muito forte, ela não se apavorou. A coragem de Max, que permanecia calmo, e a alegria de Tato, que sorria empolgado, só esperando a chuva diminuir para ir brincar nas poças, fez Moli sentir que a chuva não era tão ruim assim.
A toupeirinha percebeu como era bom ter amigos por perto. Max e Tato também estavam satisfeitos por terem podido ajudar Moli.
Os três amigos não eram perfeitos. Como todas as pessoas, eles tinham virtudes já conquistadas, e algumas necessidades também.
Mas eles sabiam conviver, aprendendo com as qualidades uns dos outros e sendo ajudados quando precisavam.
Max, Moli e Tato continuaram juntos por muito tempo. Eles passaram por vários desafios, aprendizados e diversões. E foi assim que a amizade deles cresceu cada vez mais.
E foram todos muito felizes.
Adaptação do livro de mesmo título, de Brigitte Weninger, Ed. Cultural.
Material de apoio para evangelizadores:
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O Consolador
Revista Divulgação Espírita
2025
PERDÃO LIBERTADOR
Jane Martins Vilela
“...Reconciliai-vos o mais depressa com o vosso adversário, enquanto estais com ele no caminho, a fim de que vosso adversário não vos entregue ao juiz, e que o juiz não vos entregue ao ministro da justiça, e que não sejais aprisionado. Eu vos digo, em verdade, que não saireis de lá, enquanto não houverdes pago até o último ceitil.” – Jesus (Mateus, 5:25-26)
Observamos na criatura humana a grande dificuldade de perdoar as ofensas, ainda hoje, mesmo com todo o processo evolutivo e após milhares de reencarnações, como dádivas divinas de aprimoramento do espírito, que, em renascendo, tem a chance de progredir e libertar-se de muitas imperfeições.
Os grandes espíritos do passado nos deixaram muitos ensinamentos. Um deles, o doutor da lei, Nicodemos, quando perguntou a Jesus como faria o homem para se depurar e chegar ao reino dos céus, ao que Jesus respondeu com sabedoria que seria necessário nascer de novo.
É um ciclo, nascer, renascer para progredir sempre, até alcançarmos a redenção de nós mesmos.
O orgulho, bem como nos orientam os espíritos superiores, é a fonte de todos os nossos males. O egoísmo seria seu filho.
É pelo orgulho que uma contradição não é aceita. A pessoa se deixa vencer pela contrariedade e se afasta do bom senso, com dificuldade de perdoar. Na verdade, não seria preciso perdoar se esse sentimento infeliz estivesse ausente no ser. A humildade, ainda tão pouco compreendida pelos homens, seria a virtude que impediria uma desavença. Pelo orgulho a humanidade ainda se perde e o diálogo não acontece, mesmo entre nações. Grilhões se forjam, aprisionando os espíritos encarnados ou desencarnados em sentimentos inferiores.
É preciso, enquanto a imperfeição não foi corrigida e o orgulho ainda grassa, do lenitivo do perdão.
Em palestras, quando nos dirigimos às plateias, o perdão tem sido mostrado como a grande dificuldade. As pessoas comentam suas dores profundas e dizem quanto é difícil perdoar.
Lembramos que há alguns anos e isso já foi nota em nossas páginas, quando uma senhora simples nos contou sobre a sabedoria de seu idoso pai, que contava na época com 92 anos de idade. Era um apreciador de Castro Alves e decorava uma poesia por dia e a declamava. Sua religião? Não sabemos. O que nos encantou foi o modo como ele a orientou ao perdão. Ela nos confidenciou que estava muto triste, ficara magoada com sua irmã mais velha, que era casada e tinha ciúmes do relacionamento dela com os pais, pois, estando solteira, cuidava deles, morava com eles.
A irmã a tinha tratado tão mal, no seu entendimento, que ela chorava havia duas semanas, todos os dias, debaixo de um abacateiro no quintal. Ela disse que seu pai a observava, sem dizer nada. Aguardando. Como ela não saía da situação, ele se aproximou e conversou com ela sob a sombra do abacateiro.
“Minha filha”, disse-lhe ele. “Quando um soldado cai ferido num campo de batalha, ele se arma de forças e coragem e se levanta do chão, continuando a lutar, para não morrer caído lá. Faz duas semanas que você caiu. Quando vai resolver-se a se levantar?”
Ela nos disse que, ouvindo aquelas palavras sábias, enxugou suas lágrimas, perdoou sua irmã pelas dificuldades dela e continuou a viver, fazendo o melhor que podia por seus pais, sem se importunar com as atitudes difíceis de sua irmã.
Agiu com inteligência. O perdão é libertação para quem perdoa.
A humanidade está carregada de algemas por essa situação. Orgulho ferido. Estão presos muitos a sentimentos inferiores, encarcerados em situações do passado e perdendo oportunidades de viver um presente de paz para um futuro melhor.
Libertar- se das algemas é uma necessidade. Respirar fundo e aproveitar o sol da existência, melhorando sempre mais. Perdoar sempre, para se libertar, pagando até o último ceitil com todo o amor.
Sabemos que a vida devolve aquilo que enviamos. É a terceira lei de Newton, que diz que para cada ação vem uma reação igual e contrária. Bem a lei de justiça divina, de reparação dos males praticados, devendo lembrar-nos sempre de que o amor cobre uma multidão de pecados. Respondamos a tudo com amor e o amor retornará, dando-nos a paz que tanto ansiamos.
Se alguém tiver alguma coisa contra seu irmão, aproveite, deixe a humildade tomar o lugar do orgulho e se pacifique com seu irmão.
Os grandes psicólogos pedem que imaginemos a criança sofrida daquele que provocou o problema, suplicando o perdão e o coração não saberá resistir ao pedido da criança.
Perdoar é divino e mostra ao ser que ele se tornou melhor, perdoando as ofensas. Um dia, pelas reencarnações e evolução, não precisará perdoar, pois não se sentirá ofendido. Até lá, no entanto, o perdão é e será o remédio.
O Consolador
Revista Divulgação Espírita
2025
UM AMOR DE VERDADE
De: Zibia Gasparetto
Espírito: Lucius
Editora: Vida e Consciência
O livro "Um Amor de Verdade", de Zibia Gasparetto, psicografado pelo espírito Lúcius, é um romance que explora temas como perdão, superação e as complexas leis de causa e efeito do espiritismo.
A história principal gira em torno de Nina, uma mulher de origem humilde, e André, um rapaz de família rica. Eles vivem um romance intenso, mas André acaba abandonando Nina para se casar com outra mulher, Janete, por pressão social e familiar. Quando descobre que está grávida, Nina, desiludida e humilhada, decide não contar a André e se afasta. Ela se muda para outra cidade e, com muito esforço, se dedica aos estudos de Direito, motivada pelo ódio e pelo desejo de provar seu valor e se tornar melhor que André.
Anos mais tarde, já como uma advogada de sucesso, Nina se reencontra com André e a vida a coloca em uma posição na qual ela pode, finalmente, se vingar. No entanto, através das complexidades do destino e das intervenções espirituais, ela é confrontada com a necessidade de perdoar, não apenas André, mas a si mesma, e de entender que um amor verdadeiro só pode ser vivido quando se cultiva o amor-próprio.
A narrativa também entrelaça as histórias de outros personagens, como Lara, Maurício e Pedro, que vivem seus próprios dilemas amorosos, mostrando como o passado e as vidas passadas influenciam o presente, e como o perdão é a chave para romper ciclos de sofrimento. A obra, portanto, é um convite à reflexão sobre a importância do autoperdão, do amor incondicional e de como as escolhas do presente moldam nosso futuro espiritual.
UM OLHAR DIFERENTE
Geraldo Campetti Cobrinho
Em admirável visão de futuro, Jesus profetizou e o evangelista Marcos anotou: “Olhai, vigiai e orai; porque não sabeis quando será o tempo (Mc, 13:33).”
A que tempo o Mestre se referiu? Aos tempos chegados?
Observando-se tudo o que tem ocorrido na atualidade, nesses momentos líquidos em que os valores parecem perder significado e boa parte das pessoas não sabem aonde ir ou qual caminho percorrer, tudo parece apontar que os tempos já chegaram…
A recomendação do Cristo, definida no vocábulo olhai, determina que saiamos de nosso mundo íntimo e busquemos enxergar o que está acontecendo ao nosso redor. Uma espécie de visão panorâmica que alcança todo o possível para que consigamos perceber a ambiência em torno de nós e como temos agido e reagido ao vislumbrado.
Olhar, mirar e examinar são atitudes saudáveis quando se tem o propósito sincero de aprender e conquistar novos valores, buscando uma compreensão abrangente da realidade que enfrentamos no dia a dia. Qual a leitura que fazemos do que está acontecendo no mundo? Como temos sentido o instante atual? Até que ponto nos abalamos pelas ondas efêmeras de modismos e ocorrências impactantes que assolam as sociedades cotidianamente?
Considerar, avaliar e ponderar integram perspectivas de olhares percucientes, que não se circunscrevem à objetividade material, restritiva e limitadora, mas que transcendem a novos olhares, captadores de realidades espirituais e mediadores dos liames entre passado, presente e futuro. Isso implica enxergar além, compreendendo o antes e o depois, para se entender precisamente o agora. Nessa concepção, as variáveis tempo e reencarnação são imprescindíveis para o entendimento do ser imortal como artífice de seu próprio destino e, consequentemente, responsável por suas ações, palavras e pensamentos no processo contínuo e crescente de metainfluências entre todos os seres da Criação Divina.
O vocativo olhai com que Jesus nos desafia é uma proposta: de renovação para o despertar da consciência; de estímulo para a superação de paradigmas materialistas; de convocação para a efetiva transformação moral de cada um de nós, com vistas à regeneração social de toda a Humanidade.
Como tem sido nosso olhar perante as pessoas, ocorrências, provações e oportunidades que a vida nos oferece? O que diferencia nosso olhar do olhar comum?
Não obstante as tendências alarmantes do final dos tempos e, mesmo considerando o caos que parece dominar o mundo, em que tantos se deixam conduzir pelo pessimismo e descrença, “o amor é o olhar de Deus sobre a vida”, como nos ensina Léon Denis.
Por isso, eu prefiro ter um olhar diferente: otimista e amoroso. E você?
Editorial FEB
2025
PARENTELA
“E disse-lhe: Sai de tua terra e dentre a tua parentela e dirige-te à terra que eu te mostrar.” — (ATOS, capítulo 7, versículo 3.)
Nos círculos da fé, vários candidatos à posição de discípulos de Jesus queixam-se da sistemática oposição dos parentes, com respeito aos princípios que esposaram para as aquisições de ordem religiosa.
Nem sempre os laços de sangue reúnem as almas essencialmente afins.
Frequentemente, pelas imposições da consanguinidade, grandes inimigos são obrigados ao abraço diuturno, sob o mesmo teto.
É razoável sugerir-se uma divisão entre os conceitos de “família” e “parentela”. O primeiro constituiria o símbolo dos laços eternos do amor, o segundo significaria o cadinho de lutas, por vezes acerbas, em que devemos diluir as imperfeições dos sentimentos, fundindo-os na liga divina do amor para a eternidade. A família não seria a parentela, mas a parentela converter-se-ia, mais tarde, nas santas expressões da família.
Recordamos tais conceitos, a fim de acordar a vigilância dos companheiros menos avisados.
A caminho de Jesus, será útil abandonar a esfera de maledicências e incompreensões da parentela e pautar os atos na execução do dever mais sublime, sem esmorecer na exemplificação, porquanto, assim, o aprendiz fiel estará exortando-a, sem palavras, a participar dos direitos da família maior, que é a de Jesus-Cristo.
Livro "Caminho, Verdade e Vida"
Pelo Espírito Emmanuel
Francisco Cândido Xavier
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